Publicado em 16 de agosto de 2021
Filósofos citados no relatório do IPCC: quem são? onde vivem? o que pesquisam?
Publicado em 16 de agosto de 2021
Filósofos citados no relatório do IPCC: quem são? onde vivem? o que pesquisam?
Publicado em 22 de março de 2021
Agnotologia se refere à construção social da ignorância e à área, composta principalmente por historiadores e filósofos da ciência, que a investiga. Há, pelo menos, três tipos de ignorância a serem estudados: ignorância como um estado primitivo a ser preenchido por conhecimento, ignorância como construção passiva e ignorância como construção ativa. Os dois últimos tipos se referem, respectivamente, ao que é deixado de lado durante investigações científicas por razões diversas (por exemplo, falta de incentivo econômico para pesquisar determinados objetos) e a estratégias deliberadas de criação de ignorância. Tais estratégias podem ser virtuosas nos casos em que não saber de algo é, reconhecidamente, justificado por determinados valores, evitando, assim, pesquisas a partir de métodos inapropriados, pesquisas que reforçam estereótipos de grupos marginalizados ou pesquisas com resultados perigosos. Nesses casos, reconhece-se que obter conhecimento não está nem deve estar acima de tudo. Mais comumente, porém, estratégias deliberadas de construção ativa de ignorância têm o objetivo de enganar e confundir o público em geral, como vemos nos diversos casos de negacionismo científico.Muito mais sério:
Janet Kourany e Martin Carrier – Science and the Production of Ignorance (MIT Press, 2020)
Robert N. Proctor e Londa Schiebinger – Agnotology: The Making and Unmaking of Ignorance (Stanford University Press, 2008)
Sven Hansson – Science denial as a form of pseudoscience (Studies in History and Philosophy of Science, 2017)
Publicado em 30 de novembro de 2020
Tirinha introduzindo o maravilhamento enquanto emoção epistêmica. Referências, como sempre, na última imagem.
Publicado em 31 de agosto de 2020
Um amigo dizia que a melhor parte de um livro era seu prefácio. Ali, os autores estão mais à vontade, narram suas pesquisas tranquilamente, agradecem a seus colegas… Tudo mudou quando tivemos a seguinte conversa sobre um artigo de 1965. Tirinha sobre o paradoxo do prefácio!
Publicado em 14 de junho de 2020
O que a filosofia tem a dizer sobre consenso científico? Tirinha apresentando duas respostas a essa questão bem urgente e com a qual a filosofia tem muito a contribuir. Referências no último quadrinho.
Publicado em 27 de abril de 2020
Depois do paradoxo da ficção, nada como outro paradoxo para nos entreter por algum intervalo de tempo e mudar o tom do que vemos por esses dias. Segue, então, uma sequência bem introdutória ao paradoxo da loteria. Ele é um pouco mais técnico que o outro, mas a diversão é garantida 😉
ps: agradeço ao Matheus Rui (UFSC) pela assessoria no post – um dos temas do doutorado dele é o paradoxo da loteria; vejam sua entrevista aqui na página.
Publicado em 17 de fevereiro de 2020
De modo geral, políticas públicas destinadas a mitigar problemas atuais dependem de vastas e complexas pesquisas científicas – basta pensar, por exemplo, no aquecimento global antrópico. Raramente, algum ator político possui também os requisitos necessários para avaliar o que os cientistas estão dizendo. Nessas condições, como poderia, então, um leigo avaliar o testemunho de cientistas? Essa é uma das questões debatidas na epistemologia social contemporânea. Elizabeth Anderson, uma das filósofas que buscou respondê-la, disse grosseiramente o seguinte: não há como leigos avaliarem o conteúdo propriamente dito das pesquisas; em geral, eles julgam o que acreditar julgando em quem acreditar; é preciso, portanto, critérios para avaliar quando o testemunho de especialistas é confiável e quando há um consenso entre eles; esses critérios, por fim, precisam ser de fácil aplicação a um leigo. Vamos nos focar nos critérios para avaliar o testemunho de especialistas. Elizabeth propôs três deles: um para avaliar a expertise científica, outro para avaliar a honestidade científica e um último para avaliação da responsabilidade epistêmica. A expertise científica de um especialista seria examinada por sua formação. A ideia básica aqui é que alguém com doutorado no assunto em questão e com publicação em revistas científicas importantes é muito mais confiável que alguém com doutorado em outra área e publicações em revistas sem processo de revisão por pares. Por sua vez, a honestidade científica é medida pela presença de conflitos de interesse na pesquisa (veja o post sobre o “efeito financiamento” aqui na página), experiência prévia de plágio ou fraude, supressão de evidências etc. Finalmente, a responsabilidade epistêmica seria avaliada pelas atitudes de evadir o compartilhamento de dados e fontes sem razão nenhuma, publicar resultados na mídia antes de defendê-lo perante outros especialistas e continuar repetindo afirmações já refutadas. Embora reconheça haver vários fatores que dificultam a aplicação desses critérios, Elizabeth mostrou como eles podem ser facilmente aplicados através de rápidas buscas na internet no caso específico do aquecimento global antrópico. Fica, então, a sugestão de aplicá-los a alguns negacionistas brasileiros 😉
Muito mais sério:
Elizabeth Anderson – Democracy, Public Policy, and Lay Assessments of Scientific Testimony. Episteme, vol. 8, n. 2, p 144 -164, 2011.
John Hardwig – Dependência epistêmica. Tradução de Desidério Murcho. Crítica. 02 dez 2018. https://criticanarede.com/filos_epis.html
Helen Longino – The Social Dimensions of Scientific Knowledge. SEP. https://plato.stanford.edu/archives/sum2019/entries/scientific-knowledge-social/